terça-feira, 7 de outubro de 2014

O riso do primeiro-ministro

Esta tarde, Passos Coelho, ao lado do ministro da Educação, disse-nos, rindo, que este não será demitido. Rindo.(*)
Que o primeiro-ministro nos diga não ir demitir o ministro da Educação é politicamente significativo. Que ele o diga rindo é moralmente significativo.
O primeiro-ministro atira aquele riso aos professores, aos alunos e aos pais. Não apenas àqueles professores agora com a vida em pantanas, não apenas aos alunos que ainda não têm professor ou que o perderam abruptamente, nem apenas aos seus pais. O riso do primeiro-ministro foi atirado com todos os dentes a todos os professores, a todos os alunos e a todos os pais, porque todos eles são reflexos dos outros e são sempre objectos possíveis do que aconteceu aos outros. Uma possibilidade de um passado e uma possibilidade para um futuro: aquele poderia ter sido eu e eu poderei vir a sê-lo amanhã.
A amoralidade que o primeiro-ministro nos atira tem, por isso mesmo, um significado moral que o define.
 
 
(*) Imagens aqui e também ali.

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